sábado, 7 de dezembro de 2013

O garoto que desenha o destino com lápis grafite

   Túlio cometeu o grave erro de se dar muito valor.
(...)
   Luciano desenhava como ninguém. Na escola, mais especificamente na aula de artes, todos se impressionavam com o talento do garoto. Seus olhos tinham que quase colar no papel para desenhar ou escrever, mesmo assim o resultado sempre ficava espetacular. Ele se orgulhava do trabalho e um dia sonhava em produzir desenhos animados. Tais como os que ele assistia na infância com os olhos brilhantes e atentos a cada detalhe, para depois reproduzir em seu caderno. Algumas pessoas se aproveitavam disso. "Lu me ajuda com meu trabalho de artes? Te pago um big mac" "Lu, se você desenhar uma caveira pra mim te dou três reais" etc. Mas mesmo assim ele fazia, não pelo big mac, nem pelo dinheiro, mas porque amava desenhar.
   O que ele gostava de desenhar? TUDO! Quer dizer...Quase tudo...Ele tinha preferência por desenhar mulheres...Adorava desenhar sua mãe. Pegava as fotos antigas e as reproduzia com vida e seu grafite. Eram poucos desenhos coloridos que ele fazia, geralmente se apegava ao preto, branco e cinza. As vezes um vermelho, raramente um azul escuro, e dependendo da ocasião até laranja. Mas o predominante ainda era a escuridão.
   Sua mãe sempre tinha um desenho dele pendurado na geladeira."Mãezinha, sempre que estiver triste olha esse desenho e vê como você é linda sorrindo". Foi o que Luciano disse ao entregar sua ultima criação para sua mãe. No desenho ela aparecia sentada no sofá, assistindo novelas como fazia as seis da tarde, depois de chegar do trabalho, ela sorria pois se divertia com o que via na televisão, sorria pois era o momento dela de esquecer o mundo e se concentrar na tela luminosa.
Luciano também gostava de desenhar outra mulher...Quer dizer, uma garota. A garota dos seus sonhos, sua melhor amiga e dona das curvas que ele mais amava desenhar. Tinha feito milhares de desenhos com a silhueta nua e de costas da menina, coberta por um lençol cuidadosamente desarrumado pelo lápis. Fazia desenhos de quando a menina sorria e seus olhos diminuíam. Desenhos de quando ela pegava seu violãozinho e começava a tocar, seus desenhos não tinham som, mas quando ele os via se lembrava da voz de sua amada...Amada? Talvez fosse exagero, mas ele considerava o que sentia por ela amor. Ela o via como um amigo,   e nunca chegara a ver os desenhos, ainda mais aqueles que ela estava nua, não se dependesse de Luciano. Os desenhos dela eram secretos, ninguém podia ver. Só ele. Quando imaginava como seria aquele corpo sem a roupa e punha ele no papel, era apenas para ele ver! Ninguém mais poderia saber, porque seria terrível se descobrissem.
   Na verdade, quando ele desenhava meninas, sempre se inspirava em sua amada. Mudava o rosto, ou o cabelo, mas era sempre fiel a imagem da menina dos cabelos compridos, lisos e castanhos. Os desenhos de casais eram as fantasias que ele tinha com sua menina. Os desenhava tomando café, os desenhava ouvindo música, os desenhava se abraçando, os desenhava dormindo. Os desenhava da maneira que era todo o dia: Rindo e brincando. Ele amava desenhar aquela risada, e desejava um dia ser o motivo dela.
   As vezes ele desenhava pássaros. Sempre voando. Porque se sente preso a cidade. Quer sair dela. Sair da cidade com sua menina. Quer desenhar seu futuro com seu lápis grafite, quer colorir a noite.
Quer desenhar um novo mundo.

sábado, 30 de novembro de 2013

Túlio

  Só gostaria ela achar alguém que a fizesse sorrir. Rir. E seus sorrisos desviados seriam diretos e verdadeiros.   Na mente de Anya, seus sonhos são mais importantes que tudo, e ela não precisará de mais nada pra ser feliz. Mas seu coração sabe que ela precisa de um homem completo. Alguém que cuide dela como ela cuida dos outros...
(...)

 Túlio era mesmo um rapaz lindo.
Cabelos lisos e pretos da forma mais escura possível, em contraste com seus olhos incrivelmente claros. Era como ouro. Olhos cor de mel. A pele branca como uma folha de papel, e mesmo com um aparelho de borracha laranja, ele continuava tendo o sorriso mais bonito, na opinião das meninas de sua turma.
   Ele estudava ainda no segundo ano quando conheceu a irmã de uma das garotas mais bonitas, na sua opinião. Apaixonar é um termo muito forte para ser usado, ainda mais por estarmos falando de um garoto que não gosta de levar as coisas a sério, para ele, a única coisa que deve ser levada a sério são seus desejos e necessidades.
   Rachel sempre demonstrou um interesse pelo garoto, mas ele sempre a ignorou. Um garoto como ele poderia ter a garota que quisesse na hora que quisesse. Se ela não era o que ele queria no momento, então não ficaria com ela. Parece simples. Pra ele era, mas nem Rachel nem nenhuma outra garota aceitava isso.
Então Rachel perdeu o interesse, ou fingiu perder, pelo garoto do aparelho laranja.
   Túlio tentou superar seu esquecimento com a irmã de Rachel: Sofia. No fundo o garoto realmente se sentiu atraído pelos cabelos negros, assim como os dele, que Sofia tinha, pelos olhos verdes dela, parecidíssimos com os da irmã. Mas ele se interessava mais pela provocação que seria para Rachel ve-lo atirando-se sobre sua irmãzinha.
   Para Túlio era apenas uma brincadeira. Um jogo que ele certamente ganharia, assim como tantos outros que ele já jogou em dezesseis anos. Só se esqueceu que quando transforma tudo em jogo com uma mulher sábia, ela te ensina como se joga. E ele havia escolhido muito mal suas oponentes desta vez.
Túlio cometeu o grave erro de se dar muito valor.

Nome de rainha, sobrenome de imperatriz e rosto de princesa

"Quantas garotas de olhos verdes podem existir?"
(...)
Adriana Anastacya Campelo.
Rainha das trevas retornará com o sorriso desviado.
   Adriana significa, em algumas traduções, "rainha das trevas". A,  mãe de Anya sabia disso porém quis fazer uma homenagem a seu sogro, Adriano,  que faleceu no dia em que a pequena Anya chegava ao mundo. O rei das trevas se foi pouco depois que a rainha chegou.
Campelo era o sobrenome de Adriano. Outra herança deste para sua neta que até chegou a saber do nascimento. Naquela tarde, o ligaram avisando a nova dona de sorrisos desviados, porém a noite, pouco antes das 00:00, sentiu seu coração explodir. Deitou-se no chão. Deitou-se na maca. Deitou-se na cama. Deitou-se no caixão.
    Anastacya era por parte de mãe. Um sobrenome, que na verdade poderia ser um nome, bonito e majestoso.  Nome da filha de um czar, fuzilada friamente. Mas segundo o pai de Anya servia melhor como um nome de imperatriz. Não era um nome composto, era um sobrenome. Não ficava ruim para uma mulher, mas era um tanto constrangedor para o irmão de Anya. "Leandro Anastacya Campelo"...
   Adriana Anastacya Campelo está viva. É Anya. Cheia de sonhos e com apenas 14 invernos. Os cabelos longos e soltos voando ao ritmo da musica do mundo mostram isso.
Olhos escuros como a noite e que brilham tanto quanto as estrelas.
Embora ela nunca admita, todos os outros sabem que ela tem o rosto de uma princesa.
Sorriso desviado, de fato. Fazer os outros sorrirem é o que ela mais sabe, se houvesse uma matéria na escola para fazer os outros rirem, Anya certamente ri um dez. Não teria nem mesmo que estudar. 
Só gostaria ela achar alguém que a fizesse sorrir. Rir. E seus sorrisos desviados seriam diretos e verdadeiros.   Na mente de Anya, seus sonhos são mais importantes que tudo, e ela não precisará de mais nada pra ser feliz. Mas seu coração sabe que ela precisa de um homem completo. Alguém que cuide dela como ela cuida dos outros...

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Culpido...

-A culpa é sua, Sofia, eu não tenho nada a ver com o que você sente!-A irmã jogou uma escova na cabeça de Sofia, teria doido, caso houvesse a atingido.
-VOCÊ ME APRESENTOU A AQUELE BRUTAMONTES! Se tô apaixonada a culpada é você sim! E por isso VOCÊ tem que me fazer ve-lo outra vez!
-Não nessa vida, irmãzinha. Eu tô cansada de ver você enchendo meu saco  e dos meus amigos. Só te levei pra festa naquele dia porque a Graça me obrigou.-Firmemente a irmã falou, ameaçando deixar o quarto zoneado.
-Do jeito que fala nem parece que ela é sua mãe...
-Calada tá, eu tenho que sair, você não pode ficar me enchendo com suas criancisses!
Rachel saiu do quarto e deixou a irmã falando as paredes.
-Aff, garota chata!-Exclamou Sofia. Pegou seu celular já conectado ao facebook e continuou tomando conhecimento de tudo que seu amado dois anos mais velho fazia.-Ele atualizou o status!
"Pensando na garota dos olhos verdes"
"Oh meu Deus" pensou Sofia. Seria verdade? A menina teve que pegar o espelho da irmã para confirmar a copr de seus olhos, que eram, sem duvida alguma, verdes.
"Ele está pensando em mim! Ele também deve estar apaixonado!"
A menina viu o retrato de sua irmã na cabeceira da cama e mostrou a lingua.
"Não quer me ajudar, pois eu não preciso de você, eu e o Túlio vamos ficar juntos mesmo assim!" pensou Sofia, caminhando feliz para fora do quarto.
Mas Sofia deveria ter reparado melhor no retrato de sua irmã, no momento em que deu a língua, Graça, a mãe das meninas tinha olhos escuros como a noite, mas as duas irmãs herdaram os olhos do pai: Verdes como como esmeraldas.
   (...)
Rachel não era o tipo de garota que conseguia viver longe do celular, mesmo quando estava com as amigas, como naquele momento, parecia que um objeto que fora feito apenas para comunicações virara o único meio de existir.
-Sai desse celular, Quel!-Daphne pediu, pela quarta vez..Ou seria quinta?
-Tô tentando ver uma coisa, Daph. Além do mais o garçom ainda não voltou, não tenho nada pra fazer enquanto espero!
-Podia falar comigo...-Daphne disse baixo, percebendo que a amiga voltara a entrar em sua bolha. Ao menos Karla estava lá, para evitar que Daphne se sentisse tão só.
  Rachel descobriu o mesmo que sua irmã, e graças aos seus olhos claros passou o resto daquela tarde feliz. Tanto que, até saiu de sua bolha e deu mais atenção as amigas, que desejavam como nunca saber o motivo daquela felicidade, ou melhor, o NOME.
    O culpido devia rir no céu.
"Quantas garotas de olhos verdes podem existir?"